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 | 19/12/2008 14h56min

Lula diz que "diálogo de alto nível" resolverá crise com Equador

Conversa ocorrerá a partir dos ministérios das Relações Exteriores e da Fazenda dos dois países, segundo o presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que confia na estabilização das relações com o Equador — estremecidas pela tentativa de Quito de não pagar uma dívida de US$ 243 mil ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) —, por meio de um "diálogo de alto nível". Em um café da manhã com jornalistas, Lula afirmou ter combinado com o presidente equatoriano, Rafael Correa, que esse diálogo ocorrerá a partir dos ministérios das Relações Exteriores e da Fazenda dos dois países, e não "pela imprensa", a fim de "evitar mal entendidos".

Lula não esclareceu quando retornará a seu posto o embaixador do Brasil em Quito, Antonino Marques Porto, chamado a consultas após a decisão de Correa de apelar à Justiça internacional para não pagar a dívida.

— Deixaremos passar o Natal, o Ano-Novo, e já falaremos — disse o presidente, lembrando que o governo do Equador se comprometeu a pagar uma segunda parcela da dívida, que vence em 29 de dezembro.

Com o crédito do BNDES foi financiada a hidrelétrica de San Francisco — construída no Equador pela empreiteira brasileira Odebrecht —, que foi inaugurada em meados de 2007 e deixou de funcionar em junho passado devido a erros estruturais. O Equador responsabilizou a construtora pelos danos, expulsou-a do país e recorreu à Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional contra o crédito do BNDES.

Segundo Lula, o banco "não tem nada a ver" com o assunto, mesmo que a represa tenha deixado de funcionar, como sustenta o Equador, por má execução da Odebrecht. O presidente brasileiro também negou que a crise com o Equador seja semelhante à que existe entre Paraguai e Brasil em relação aos custos da eletricidade que gera a hidrelétrica de Itaipu, cuja propriedade é compartilhada pelos dois países.

— Com o Paraguai se criou um grupo de trabalho que tentará chegar a um acordo por meio do diálogo — assegurou Lula.

O governo do Paraguai pretende mudar o tratado que estabelece que cada país tem direito a 50% da eletricidade gerada em Itaipu e que a energia não usada deve ser vendida ao outro sócio por um preço fixo. Cerca de 90% da demanda paraguaia são preenchidos com apenas 5% da produção de Itaipu. O restante é vendido ao Brasil, que paga cerca de US$ 300 milhões anuais, valor que, segundo o governo paraguaio, deveria estar próximo aos US$ 2 bilhões.

O Paraguai também projeta vender eletricidade a terceiros países, o que o Brasil rejeita, atendo-se ao tratado, que não pode ser modificado até seu vencimento, em 2023.

EFE
 
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